Visitando uma vila Maori em Rotorua

Whakarewarewa Village

Rotorua na região de Bay of Plenty na porção nordeste da ilha norte da Nova Zelândia é internacionalmente conhecida ao lado de Yellowstone, Islândia e Kamtchaka como um dos “hotspots” geotermais mais ativos do mundo. Além disso, a região concentra uma das maiores populações de descendentes de Maoris na Nova Zelândia.

Se além dos geysers, hotsprings e outras atrações geotérmicas da região de Rotorua, você tiver interesse em conhecer um pouco mais sobre a fascinante cultura Maori. Não deixe de visitar pelo menos uma de suas inúmeras atrações temáticas existentes na região.

Nau mai, haere mai, whakatau mai ki Tewhakarewarewawatangaoteopetauaawahiao. Resumindo, Bem vindos à Whakarewarewa. Foi assim que numa ensolarada tarde de sábado fomos recepcionados pela nossa anfitriã de ascendência Maori no arco erguido em homenagem aos soldados Maoris que serviram na primeira e segunda guerra mundial na entrada do vilarejo termal de Whakarewarewa nos arredores de Rotorua.

Conhecida como “The Living Maori Thermal Village”, Whakarewarewa é um dos poucos exemplares “originais” abertos ao público que mostram o estilo de vida do povo Maori como mais ou menos era no início da colonização européia da Nova Zelândia entre os séculos XIX e XX. E provavelmente a única do gênero, onde os Maoris de fato residem até hoje e que ainda combina os aspectos culturais a algumas interessantíssimas atrações geotermais.

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Além de diversos hotsprings, utilizados até hoje não apenas para aquecimento nos meses mais frios do ano, mas também como fonte de calor para a preparação de alimentos no famoso Hangi (Forno Subterrâneo) neste caso geotérmico. Também podemos observar o modo de vinda simples e pacato dos Maoris que ali residem.

Antes da chegada do europeus os maoris viviam em habitações feitas na maioria das vezes de Ponga (o tronco de xaxim) que eram chamadas de Wharepuni. O Xaxim muito abundante aqui na Nova Zelândia é um excelente isolante térmico que servia tanto para proteger os maoris do frio no inverno como abrigo das condições climáticas da Nova Zelândia ao longo do ano. Muito embora, como relatou nossa guia, os Maoris da tribo Tuhourangi/Ngati Wahio que a mais de 600 anos vivem na região migravam para a região dos hotsprings nos meses mais frios do ano.

O maior dos hotsprings da vila termal de Whakarewarewa se chama Parekohuru e tem como característica o fato de que a cada 45 minutos a 1 hora ele dá uma espécie de pulsada fazendo com que seu nível se eleve em alguns centímetros e a água quente vaze em direção ao Te Puarenge Stream, o riacho de água quente que corta a vila. É neste hotspring que os moradores de Whakarewarwewa costumam cozinhar frutos do mar e seus vegetais.. A título de curiosidade, uma espiga de milho fica pronta para o consumo/cozida e alguns minutos, mais rápido que se cozinhássemos ela em casa numa panela de pressão.

O hotspring mais quente do vilarejo é chamado de Korotiotio ou traduzindo do Maori Homem Mau Humorado. Suas águas são as mais turbulentas das vila e literalmente espirram para fora com uma temperatura constante na casa dos 120o C.

Durante o passeio também visitamos uma igreja católica de mais de 100 anos. Do outro lado da ruela, uma igreja anglicana tão antiga quanto. Apesar do solo em toda esta região ser quente pela atividade geotérmica até alguns poucos anos atrás os moradores mais proeminentes do vilarejo era cozidos, quero dizer sepultados ao lado destas duas igrejas.

Como parte do passeio também seguimos até uma plataforma de observação da qual podemos observar dois dos geysers mais ativos da Nova Zelândia. O Pohutu Geyser e o Prince of Wales. Ambos tem um ciclo de aproximadamente 1 hora entre uma erupção e outra. Ao explodir eles expelem vapor e água quente que sobem a uma altura que varia de 10 a 40 metros. Infelizmente ambos geysers podem ser vistos apenas de certa distância uma vez que fazem parte do complexo de outra atração geotermal/maori o Te Puia. Por sinal aparentemente está correndo um processo de litígio entre ambas atrações na qual Whakarewarewa reinvidica controle do Te Puia.

Esse inclusive foi o motivo pelo qual não tivemos a oportudidade de visitar a Marae de Whakarewarewa. Para quem não conhece, um marae é um complexo cercado de construções esculpidas que pertencem a uma determinada iwi (tribo), hapū (subtribo) ou whānau (família). O povo Māori vê sua marae como Tūrangawaewae: seu lugar de viver e ao qual pertencem. Os maraes são usados para reuniões, festas, funerais, seções educativas e outros eventos importantes da tribo. E justamente por um destes eventos estarem acontecendo não tivemos a chance de visitar a mesma por dentro.

Como parte da experiência em Whakarewarewa acontecem diariamente duas “Kapa Haka”. Nada mais que duas apresentações culturais maoris que tivemos a oportunidade de prestigiar apresentando alguns membros da vila se apresentando.

A primeira delas acontece as 11:15 e a segunda as 14:00 ambas tem uma duração aproximada de 30 minutos. Na minha opinião foi a Kapa Haka mais bem explicada das que já participei na Nova Zelândia até o momento.

Sobre a Kapa Haka

Como mencionado acima a Kapa Haka é o termo para as artes performáticas māori e significa literalmente formar uma linha (kapa) e dançar (haka). Trata-se de uma combinação de música, dança e canto. Geralmente a kapa haka é realizada por grupos culturais nas maraes, nas escolas, e durante eventos especiais e festivais.

Durante uma apresentação de kapa haka, você ouve uma variedade de composições, cantos e coros, quase sempre acompanhados por movimento intenso das mãos, o Waiata-ā-ringa, além de intensas danças de guerra como o Poi e a Haka.

 

Waiata-ā-ringa

Em uma waiata-ā-ringa, ou música do movimento, as letras são acompanhadas por movimentos das mãos repletos de simbolismo para o povo Maori. Os artistas agitam suas mãos rapidamente, um movimento chamado wiri, que simboliza a vida. O wiri representa a força da natureza seja ele represaentado pelas águas, ondas de calor ou mesmo a brisa movimentando as folhas de uma árvore. A waiata-ā-ringa é geralmente acompanhada por um violão e pode ser lenta, rápida, séria ou galanteadora, dependendo do contexto da música.

Poi

Poi é uma forma de dança na qual cada um que a executa gira habilidosamente uma ou mais poi (bola em uma corda). Repentinas mudanças de direção são realizadas golpeando a bola em uma mão ou em outra parte do corpo, e o barulho cria um ritmo percussivo. Dançarinos de poi são normalmente mulheres, e são uma apresentação de graça, beleza e charme.

Haka

Já a Haka são danças de guerra com movimentos bruscos com as mãos, fortes pisadas no chão e tapas nas cochas. Os dançarinos podem incorporar armas tradicionais, como taiaha (armas parecidas com lança) e patu (tacos), ao Haka e na maioria das vezes é executada pelos homens da tribo. O time de rugby All Blacks é famoso por apresentar o haka antes de todos os jogos. Vir a Nova Zelândia e não ver uma Haka é como ir ao Vaticano e não ver o papa.

 

Pūkana

A Pūkana, ou expressões faciais, são uma das coisas mais interessantes nas apresentações māori. Ela é um importante aspecto nas tradições maoris e ajuda a enfatizar um ponto da música ou do haka, e demonstra a ferocidade ou paixão do performista.

Para as mulheres, pūkana envolve abrir bem os olhos e salientar seu queixo tatuado. Para os homens, significa abrir bem os olhos e esticar a língua para fora ou apertar os dentes. Embora sejam intimidadoras, essas expressões não são necessariamente um sinal de agressão, mas podem simplesmente demonstrar força e emoções profundas.

Veja o vídeo:

Video com alguns trechos da apresentação

Enfim. Além das atrações geotermais e da Kapa Haka em Whakarewarewa você pode experiementar a cozinha tradicional maori, comprar souvenirs como os amuletos de osso ou Green Stone (jade), ou até mesmo fazer uma tatuagem maori tradicional com um especialista no assunto.

Um pouco mais sobre o povo Maori da Nova Zelândia

O povo Maori nativo da Nova Zelândia tem origem polinésia. Acredita-se que os primeiros colonizadores oriundos da polinésia oriental, chegaram à Nova Zelândia em várias levas de viagens de canoa, em algum momento entre 1250 e 1300 dC. Ao longo de vários séculos, em isolamento, os primeiros colonizadores polinésios desenvolveram uma cultura única que se tornou conhecido como o povo “Maori”.

No início, os Maoris formaram grupos tribais relativamente primitivos. Baseados nos costumes sociais da polinésia oriental, com o passar do tempo a sociedade Maori foi evoluindo para um elevado grau de organização com direito a uma língua própria, uma rica mitologia, artesanatos diferenciados e artes cênicas. A horticultura também floresceu utilizando plantas que foram sendo introduzidas de diferentes ilhas que os ancestrais foram visitaram ao longo de suas viagens pelo pacífico. Posteriormente, uma proeminente cultura guerreira emergiu, que hoje em dia tem na famosa Haka como uma de suas maiores referencias.

A chegada dos europeus à Nova Zelândia a partir do século 17 trouxe uma enorme mudança no estilo Maori da vida. Com o processo de colonização, o povo Maori foi gradualmente adotado muitos aspectos da sociedade e da cultura ocidental. As relações iniciais entre Maoris e os europeus foram em grande parte consensual e com a assinatura do Tratado de Waitangi, em 1840, as duas culturas coexistiram como parte de uma nova colônia britânica.

Porém o aumento das tensões sobre a venda de terras pelos britânicos levou a uma série de conflitos a partir da década de 1860. Convulsão social, décadas de conflitos e epidemias de doenças introduzidas pelos europeus tiveram um efeito devastador sobre a população Maori, que entrou em um dramático declínio até a metade do século 20.

A partir de então, a população Maori passou a ser mais respeitada e começou a se recuperar. O governo neozelandês, por sua vez passou a fazer uma série de esforços para aumentar a participação dos descententes do povo Maori na sociedade neozelandesa.

Hoje, a cultura maori tradicional é motivo de orgulho nacional e tem desfrutado de um verdadeiro renascimento. Tudo graças a um movimento de protesto surgido na década de 1960 defendendo questões Maoris. Hoje além da tradicional Haka, executada pelos All Blacks, o time nacional de Rugby da Nova Zelândia, o país tem desde 1987 o Te Reo Maori como segunda língua oficial da Nova Zelândia.

Embora a linguagem Maori (conhecido como Te Reo Māori) seja falada por cerca de apenas um quinto de todos os Maoris, o que corresponde a cerca de 3% da população. Muitos neozelandeses usem regularmente palavras e expressões Maoris, tais como “Kia Ora”, enquanto falam Inglês no dia a dia.

Segundo o censo de 2013, existem cerca de 600 mil pessoas na Nova Zelândia que se identificam como Maori. Eles compõem cerca de 15% da população nacional, segundo maior grupo étnico na Nova Zelândia, após os neozelandeses de descenddencia européia “Pakeha”. Além disso, existem cerca de 120.000 Maoris vivendo na Austrália.

Atualmente os Māori são ativos em praticamente todas as esferas da cultura e da sociedade da Nova Zelândia, com representação independente em áreas como mídia, política e esporte.

Porém como todo povo que foi colonizado no passado, existem até hoje inúmeros obstáculos econômicos e sociais significativos a serem superados. Tais como menor expectativa de vida, renda muito inferior em comparação com outros grupos étnicos Nova Zelândia, além de níveis mais elevados de criminalidade, alcoolismo e outros problemas de saúde e educação.

Iniciativas socioeconômicas têm sido implementadas com o objectivo de diminuir a distância entre Maori e outros neozelandeses. Compensação política para queixas históricas históricas também tem sido revistas. Algo que aprendi nesta última eleição para o parlamento que existem eleitorados Maoris para que eles sejam melhor representados no parlamento. Sistema super interessante.

Informações úteis:

Aberto diariamente das 08:30 as 17:00 sendo o último ticket vendido as 16:15

Fechado no dia de Natal 25/12

Maiores informações acesse o site do Whakarewarewa Thermal Village

 

Endereço:

17 Tryon Street

Whakarewarewa Village, Rotorua, Nova Zelândia

 

Coordenadas GPS:

Latitude Longitude
S 38 09.661 E 176 15.392

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Oscar Augusto Risch

16 Comentários

  1. avatar
    Posted by Wal| 17/03/2017 |Responder

    Que interessante conhecer mais sobre a cultura Maori…deve ter sido uma experiência incrível ver a cerimônia! ? Mas o que são estes nomes heim?! Dá pra pronunciar sem tussir ? Parabéns pela matéria! Excelente…não vejo a hora de conhecer a Nova Zelândia ???

    • avatar
      Posted by Oscar Augusto Risch| 19/03/2017 |Responder

      hahahaha.. Na verdade nos falamos Te Reo (língua Maori) melhor do que os neozelandeses que só sabem inglês.. A Fonética Maori é mais próxima do português que do inglês.. Os nomes são enormes mesmo, o difícil e falar tudo sem parar para respirar hahaha

  2. avatar
    Posted by Em Algum Lugar do Mundo| 17/03/2017 |Responder

    Sei que a Nova Zelândia deve ser mesmo um lugar incrível, mas esse realmente supera! Uma mistura maravilhosa de cultura com paisagens lindas! Me arrependo de não ter ido quando morava na Austrália, mas sem dúvidas ainda vou conhecer!

    • avatar
      Posted by Oscar Augusto Risch| 19/03/2017 |Responder

      Sei bem como você se sente.. Eu morei na Nova Zelândia por 3 anos e da Austrália só acabei conhecendo Sydney e as Blue Mountains.. também vou ter que voltar para conhecer o país melhor.

  3. avatar
    Posted by Gê Azevedo| 17/03/2017 |Responder

    Sensacional, OScar! O post mais completo que já li sobre o assunto! Cultura muito rica e interessante. Adorei o vídeo e as expressões que você consegui captar nas fotos! 😀

    • avatar
      Posted by Oscar Augusto Risch| 19/03/2017 |Responder

      A cultura Maori é super interessante mesmo!!Legal que você curtiu o post e as fotos 😀

  4. avatar
    Posted by Zudi Dadalt| 17/03/2017 |Responder

    Que experiência incrível! Adoro conhecer outras culturas. Muito bom seu vídeo, até as crianças já estão aprendendo.

    • avatar
      Posted by Oscar Augusto Risch| 19/03/2017 |Responder

      Que legal que você curtiu.. É muito importante que elas aprendam desse cedo. Caso contrário essa cultura irá se perder nas próximas gerações.
      Obrigado pela visita 😀

  5. avatar
    Posted by Maryanne Mc Darby| 17/03/2017 |Responder

    Quantas experiências legais juntas. Adoro quando dá pra combinar atividades tão diferentes e tb adoro hot springs 🙂

    • avatar
      Posted by Oscar Augusto Risch| 19/03/2017 |Responder

      Esse é um dos grandes diferenciais da Nova Zelândia na minha opinião. Você encontra uma diversidade incrível de paisagens, uma cultura bastante peculiar. Isso sem falar nos excelentes vinhos e comidinhas que você encontra viajando pelo país. eu também adoro um hotspring

  6. avatar
    Posted by Analuiza (Espiando Pelo Mundo)| 18/03/2017 |Responder

    oi… que interessante! Eu sempre gosto de conhecer, saber, descobrir sobre os antepassados das terras por onde passo, pois o presente veio desse passado, da mistura de influências.
    Hoje aprendi um bocado sobre a cultura maori! 🙂 bj

    • avatar
      Posted by Oscar Augusto Risch| 19/03/2017 |Responder

      Que legal que você curtiu aprendeu um pouco sobre essa peculiar cultura Polinésia que aprendi a apreciar vivendo na NZ.

  7. avatar
    Posted by Pedro Henriques| 18/03/2017 |Responder

    Artigo muito pedagógico sobre a cultura maori, deve ser um destino super interessante! Obrigado pela partilha.

  8. avatar
    Posted by Giulia Sampogna| 19/03/2017 |Responder

    Oscar esse lugar parece ser genial. Moro tão perto da NZ tenho que ir conhecer. Adoro a cultura Maori e adorei o vídeo com a Kapa Haka. Quando vou ver eles nos jogos de rugby o estádio pira quando eles começam a fazer a tradicional haka. Ótimo post.

    • avatar
      Posted by Oscar Augusto Risch| 26/03/2017 |Responder

      Ahh eu super recomendo ir!! É uma cultura fascinante. Legal que você gostou 😀
      Bjs

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