Caminhando pela Routeburn Track na Nova Zelândia – Dia por Dia

Caminhando pela Routeburn Track - Dia por Dia

Considerada uma das melhores das 9 Great Walks da Nova Zelândia, a Routeburn Track já é especial só pelo fato de ligar dois dos mais bonitos e diversos parques nacionais neozelandeses. Atravessando o Parque Nacional do Monte Aspiring e o Parque Nacional de Fiordland, a travessia pela Routeburn Track é famosa por suas deslumbrantes paisagens que incluem as montanhas dos Alpes do Sul, belíssimos lagos alpinos, densas florestas e seus rios e cachoeiras de águas cristalinas.

Nos últimos dias postei outros dois posts falando um pouco mais sobre a Routeburn Track. O primeiro deles, fazendo uma introdução sobre a travessia da Routeburn. Já o segundo, com dicas de planejamento e preparativos para você encarar a trilha. No post de hoje, vou contar, dia após dia como foi a minha experiência cruzando a Routeburn Track na Nova Zelândia.

Preparativos na véspera

No dia anterior ao início da travessia da Routeburn Track, além de fazermos uma visita ao supermercado para nos abastecer com provisões para os 3 dias de caminhada. Passamos no escritório do departamento de conservação em Queenstown para pegarmos os tickets impressos das duas huts que reservamos com 2 meses de antecedência pela internet e que ficaríamos hospedados ao longo da caminhada.

Ingresso Huts DOC Nova Zelândia

Ingresso para Lake Mackenzie Hut

Aproveitamos a visita ao local para fazer também algumas perguntas relativas à trilha e suas condições atuais. Apesar de achar que o atendimento do DOC de Queenstown bem mequetrefe (pelo visto estagiária). A ida até lá foi legal para olharmos alguns mapas e perfis altimétricos da trilha que aproveitamos para fotografar com nossos respectivos celulares para consultarmos à medida que precisássemos deles ao longo da trilha.

Dia 01 – Routeburn Shelter => Routeburn Falls Hut = 8.8 Km

O primeiro dia de caminhada pela Routeburn Track começou bem cedinho com um último e demorado banho no hotel em Queenstown, já que pelos próximos 3 dias seriam sem ele. O jeito foi aproveitar enquanto dava.

Glenorchy

Glenorchy a porta de entrada para a Routeburn Track

Com as mochilas já preparadas na noite anterior, além de tomar um café da manhã bem reforçado, aproveitamos para preparar os sanduíches do almoço do dia. Colocamos tudo dentro da mochila e seguimos à pé até o local (37 Shotover Street) onde o micro-ônibus da Info & Track partiria em direção ao Routeburn Shelter em Glenorchy, onde a Routeburn Track começa no sentido Leste-Oeste.

Depois de aproximadamente 60 km e aproximadamente 1 hora e meia de estrada com duas paradas ao longo do caminho. Uma parada num dos mirante às margens do Lake Wakatipu e outra no centrinho de Glenorchy para um último café. Seguindo adiante finalmente adentrávamos os limites do Mt. Aspiring National Park e alguns minutos depois chegávamos ao destino final, o Routeburn Shelter.

Depois de lermos algumas últimas informações sobre a trilha e fazermos um bom alongamento, colocamos as mochilas nas costas, tiramos algumas fotos na placa do início da trilha e literalmente nos desligamos do mundo para embarcar numa verdadeira jornada por alguma das mais fantásticas paisagens da Nova Zelândia.

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A trilha começa com a travessia de uma ponte pênsil sobre o cristalino Routeburn River e segue margeando o rio pela margem direita percorrendo uma bela floresta de Nothofagus. Depois de cruzarmos o leito quase seco do Sugar Loaf Stream, a trilha começa a ganhar certa elevação subindo em direção ao Routeburn Gorge.

Floresta de Nothofagus

Interior da Floresta de Nothofagus

Pelo caminho, a trilha faz uma série de zig-zags por dentro da floresta passando por pequenos riachos que escorrem da encosta. Entre eles, o que forma a cascata do Véu da Noiva (Bridal Veil Waterfall).

Nesta parte da trilha, o Routeburn River é marcado por gigantescos blocos de granito e enormes troncos de madeira presos entre as pedras à medida que o rio se expreme por gargantas com paredões de pedra, alguns dos quais com dezenas de metros de altura.

A trilha então segue adiante margeando o Routeburn River e a medida que o sol vai ficando cada vez mais perpendicular ao rio, a medida que o dia vai avançando, suas águas parecem ficar cada vez mais azuis. E assim, a frase mais falada dessa viagem “Olha a cor dessa água” começa a ser repetida com cada vez mais frequência.

Quando um marco indicando o início da trilha da Sapper’s Pass aparece, a trilha logo passa a ficar plana novamente. E num dos remansos do Routeburn River sob a proteção do dossel da floresta fizemos uma parada para o almoço e para tirarmos algumas inúmeras fotos do local que tinha águas tão azuis, que mais pareciam uma piscina.

Pausa para almoço no primeiro dia da Routeburn Track

Pausa para almoço no primeiro dia da Routeburn Track

Seguindo adiante, uma outra ponte pênsil logo aparece e a gente então cruza ela para a margem esquerda do Routeburn River. E a trilha segue adiante, quase plana, proporcionando vistas intermitentes para algumas cachoeiras e o North Branch do Routeburn Valley no horizonte.

Até chegarmos a região dominada por enormes campos aluviais planos no fundo do vale, conhecido como Routeburn Flats, seguimos através de uma floresta em avançado estágio suscecional e marcada por uma quantidade absurda de Pteridóftas (Samambaias) que mais parecem ter sido plantadas alí.

amambaias na Routeburn Track

Samambaias na Routeburn Track

Quando finalmente chegamos ao Routeburn Flats, e saímos do dossel da floresta, fizemos algumas paradas para fotografar algumas das inúmeras piscinas naturais azuis que o Routeburn River cria ao longo da planície aluvial. E depois de vários: “Olha a cor dessa água”, retornamos para a trilha para o início da subida mais puxada da trilha.

Routeburn Flats e suas piscinas naturais

Routeburn Flats e suas piscinas naturais

Subindo pelo meio da densa floresta, à medida que vamos ganhando altitude, a visão que temos da Humboldt Mountains pelas copas das árvores e clareiras na floresta vai ficando cada vez mais impressionante. E como a subida é íngreme, fizemos várias paradas para “fotos”.

Numa de nossas paradas para fotos e descanso, aproveitamos para observar um pouco da rica fauna de aves do local. O South Island Robin ou Toutouwai (Petroica australis) certamente rouba a cena. Quando você move a serapilheira da floresta e ele vem praticamente no seu pé. De tão manso que é, dá quase para pegar ele na mão.

Depois de centenas de fotos tiradas e quase 9 km de caminhada e uma subida considerável, chegamos ao Routeburn Falls Hut. Local onde iríamos passar a nossa primeira noite. Localizado a cerca de 1000 metros de altitude, o alojamento encontra-se praticamente na linha de transição entre a floresta e os campos alpinos de tussock grass.

Lillian, Helder e Oscar na Routeburn Flats na subida para a Routeburn Falls Hut

Lillian, Helder e Oscar na Routeburn Flats na subida para a Routeburn Falls Hut

Depois de fazer nosso check-in e preparar nossa janta, aproveitamos para assistir a uma rápida palestra sobre o ecossistema local com o DOC Ranger. Onde ele falou sobre alguns dos trabalhos feitos pelo DOC na região como a erradicação de pragas introduzidas, especialmente mamíferos e patrocinada pela Air New Zealand. Assim como forneceu updates sobre as condições da trilha e da previsão do tempo para o dia seguinte.

Routeburn Falls Hut

Routeburn Falls Hut

Como chegamos ao Hut do Routeburn Falls ainda durante o dia, assistir ao pôr do sol da varanda do hut já valeu o esforço de caminhar até lá. E como nas duas noites anteriores boa parte da ilha sul da Nova Zelândia foi agraciada com um show de cores da Aurora Australis e como não havia uma única nuvem no céu, depois de jantar, ainda fiquei observando o céu super estrelado e torcendo para a Aurora Australis dar o ar da graça. Cheguei a acordar duas vezes de madrugada para ver se dava sorte, mas infelizmente não rolou.

Dia 2 Routeburn Falls Hut => Lake Mackenzie Hut = 11.3 Km

O segundo dia da travessia da Routeburn Track começou cedo novamente. Diz o ditado que: “O espetáculo do nascer do sol e o pôr do sol acontece todo dia, depende de você assistir ou não esse presente de Deus”.

Bem sendo assim, e tendo em mente que provavelmente eu não volte a fazer essa trilha tão cedo. Assim que percebi os primeiros raios de sol e que o tempo estava absolutamente lindo, pulei da cama, ou melhor do saco de dormir, para curtir o visual do amanhecer tomando o café da manhã.

Devidamente alimentado, empacotado e alongado. Começamos o segundo e provavelmente mais puxado dos 3 dias de trilha. Como o corpo ainda não está quente, tudo no começo dói e para piorar, o dia já começa com a segunda metade da escalada mais puxada da Routeburn Track toda, assim que você sai do alojamento.

Routeburn Track Nova Zelândia por NerdsViajantes (43)

Paisagem Subalpina na Routeburn Track

Felizmente o visual é tão bonito e recompensador que você nem pensa em outra coisa a não ser curtir a paisagem e continuar adiante para ver mais coisas lindas.

Routeburn Track Nova Zelândia por NerdsViajantes (42)

Subindo em direção ao Harris Saddle

A poucos metros da Routeburn Falls Hut, ficam as famosas cachoeiras que emprestam o nome ao alojamento. Como o sol ainda não estava à pino e as cachoeiras também não estavam completamente na sombra, as fotos do local não ficaram assim tão legais quanto eu esperava, mesmo assim, ao vivo, o lugar é muito bacana.

A trilha segue adiante ziguezagueando a paisagem e embalada ao som do barulho das águas na Routeburn Falls, das Keas (único papagaio alpino do mundo) e aos poucos vamos adentrando uma interessante paisagem sub-alpina dominada por gramíneas chamadas por aqui de Tussock Grass.

A partir desta parte da trilha, até ao lago Mackenzie, a Routeburn Track é marcada por estacas de ferro pintadas branco e vermelho fincadas no solo e que são super visíveis para delimitar a trilha. Visto que esta é uma região que costuma receber neve, mesmo fora do inverno, ter trilhas bem marcadas é fundamental e o DOC faz um excelente trabalho neste sentido.

No meio do vale, cercado por escarpas íngremes com paredões que se elevam em centenas de metros, o Routeburn River serpenteia serenamente através do belíssimo campo de plantas alpinas. Gramíneas, margaridas, gencianas, hebes, speargrasses e ribbonwoods crescem e florescem nesta altitude e podem ser vistos ao longo de quase toda a trilha. Para quem entende um pouco sobre plantas, observar as adaptações fisio-morfológicas das mesmas para sobreviver a este ambiente hostil é super interessante .

Routeburn Track Nova Zelândia (12)

Planta Alpina na Routeburn Track

No horizonte, uma segunda série de cachoeiras pode ser vista a distância, e a trilha começa a subir por uma falha rochosa estreita pela encosta, até que de repente, a trilha sobe acima do nível do Lake Harris. Uma represa natural que forma o Routeburn River e que vista de cima, é certamemte uma das paisagens mais fantásticas de toda a Routeburn Track .

Lake Harris Routeburn Track Nova Zelândia por NerdsViajantes

Lake Harris

O Lake Harris com suas águas transparentes e ao mesmo tempo escuras devido a profundidade do lado, é cercado por paredões rochoso quases verticais e algumas cachoeiras que fazem admissão das águas do Lake Wilson que infelizmente não chega a ser visto da trilha.

Lake Harris Nova Zelândia

Oscar, Helder e Lillian no Lake Harris

Toda a paisagem dessa parte da Routeburn Track faz parte de um exemplo clássico de um ambiente alpino alto-montano. Nestes lugares, as condições meteorológicas costumam ser extremas. Felizmente no dia que passamos por ali, as condições estavam absolutamente perfeitas e ainda fomos agraciados com um céu de brigadeiro.

E em um dia tão bonito, o belo Lago Harris nos recepcionou com todo seu explendor com águas que iam do verde musgo perto das margens ao azul marinho.

E a longa subida continua sem parecer ter fim em direção o Harris Saddle, o ponto mais alto da trilha. É puxado, mas o visual vale à pena. Toda essa área no alto da montanha tem muitos outros pequenos lagos escondidos em seus recantos. E na verdade, toda esta região, faz parte de um ecossistema extremamente frágil, delicado e ameaçado com as mudanças climáticas. E para preservá-lo, devemos evitar ao máximo sair da trilha.

Subindo mais um pouquinho adiante, finalmente chegamos ao Tarahaka Wakatipu ou Harris Saddle, o ponto mais alto da travessia da Routeburn Track com 1255 metros de altitude. Alí perto fica também o Harris Saddle Shelter. Local para você se abrigar, caso você seja surpreendido por uma mudança abrupta do tempo e seja impedido de continuar caminhando.

Nesta parte mais alta da Routeburn Track, você está cercado por montanhas do Darren Range com os picos como Mount Madeline (2537 m) e Mount Tutoko (2746 m) se sobressaindo em relação aos demais.

À partir do Routeburn Shelter há uma side trip até topo do Conical Hill (1515 m), onde há uma vista panorâmica de 360° das montanhas do Alpes do Sul. Ida e volta leva entre 1 hora e meia a 2. Como meu joelho não estava 100% decidimos não fazer.

Passando o Harris Saddle, deixamos o Mt. Aspiring National Park e cruzamos para Parque Nacional de Fiordland. E a medida a trilha começa a descer, nos deparamos com a ampla visão do Hollyford Valley, um gigantesco vale de origem glacial e bastante escarpado, que se descortina a se perder de vista diante de nossos olhos, tanto para a esquerda quanto para a direita.

Routeburn Track Nova Zelândia por NerdsViajantes (71)

Routeburn Track e o Hollyford Valley

Lá embaixo, e quase 1000m abaixo do nível que estamos, é possível avistar o Hollyford River cercado por uma densa floresta temperada úmida que avança até a linha de neve. E no distante horizonte, graças ao dia de tempo aberto, acompanhando seus meandros era possível enxergar o ponto de encontro do Hollyford River com o Mar da Tasmânia.

Ao longo de toda a trilha nesta parte da Routeburn Track é notável as características deixadas pelos elementos na paisagem da região. Felizmente pegamos tempo perfeito nessa parte da trilha, que está exposta aos impiedosos ventos que sopram do Mar da Tasmânia ao longo do vale glacial de Hollyford Valley, trazendo consigo não apenas fortes rajadas de vento, mas também baixa visibilidade e muita chuva.

Perdendo altitude, e serpenteando a encosta ao longo do Hollyford Valley, a Routeburn Track encontra a Deadmans Track. Como o próprio nome sugere, essa é uma trilha íngreme e perigosa e que conecta a Routeburn Track com a Hollyford Track indicada apenas para trampers experientes.

Hollyford Valley visto da Routeburn Track Nova Zelândia por NerdsViajantes

Hollyford Valley visto da Routeburn Track

Eventualmente, cerca de pouco mais de 2 horas a partir do Harris Saddle Shelter, a trilha ganha novamente algumas dezenas de metros em elevação e faz uma curva abrupta em torno de alguns afloramentos rochosos e começa a descer em uma série de ziguezagues em direção ao maravilhoso Lake Mackenzie.

Oscar e Helder olhando para o Lake Mackenzie na Routeburn Track Nova Zelândia por NerdsViajantes

Oscar e Helder olhando para o Lake Mackenzie

O Lago Mackenzie é resultado de uma moraina criada na última glaciação que aconteceu a cerca de 14.000 anos atrás. Com o derretimento do gelo, enormes blocos de pedra que são nitidamente visíveis do alto da montanha, detritos carregados por uma gigantesca geleira que outrora ocupavam o Mackenzie Valley, encontram-se amontoados aos pés do lago bloqueando a drenagem do vale, formando esse lago maravilhoso de águas verde esmeralda congelante.

A Routeburn Track ao perder cada vez mais altitude, entre novamente na linha das árvores e atravessa a floresta até o fundo do vale. Depois disso, finalmente chega ao Lake Mackenzie. Como esta região recebe até 60% mais chuva que a floresta do Routeburn Valley, a diversidade de musgos, liquens e samambaias é absolutamente impressionante.

E depois de quase 12 km de caminhada, finalmente chegávamos ao alojamento da segunda e última noite na Routeburn Track. Depois de fazermos o Check-In e garantirmos nossos bunkers, que ao contrário da primeira noite eram coletivos para até 4 pessoas.

Aproveitamos para tirar algumas fotos do lago e seu entorno. A idéia original era dar um mergulho, mas depois de colocar os pés dentro dele acabamos amarelando. Não apenas pela água fria, mas principalmente pelo vento que anunciava a iminente mudança de tempo que estava prestes a acontecer naquela noite.

Oscar no Lake Mackenzie na Routeburn Track Nova Zelândia por NerdsViajantes

Oscar no Lake Mackenzie.. Agua super gelada

Depois de devidamente jantados, ainda ficamos matando um tempinho conversando sobre a trilha antes de capotarmos de cansaço.

Dia 03 – Lake Mackenzie Hut => The Divide = 12 Km

O terceiro e último dia de caminhada pela Routeburn Track novamente começou cedinho, mas infelizmente o tempo estava nublado, friozinho e chuviscando, como o Fiordland National Park geralmente se apresenta ao mundo.

Como a previsão do tempo era que o tempo só iria piorar ao longo do dia, tentamos iniciar a caminhada o mais cedo que conseguimos, pois no período da tarde a previsão era de chuva ficar cada vez mais pesada.

Routeburn Track Nova Zelândia por NerdsViajantes (111)

Floresta úmida no Fiordland National Park

Empacotado com calça impermeável e capa de chuva, iniciamos a caminhada. A trilha da Routeburn Track no terceiro dia é quase toda dentro da floresta e começa com uma pequena elevação que logo dá espaço a uma descida suave por uma trilha lindíssima que parece ter saído da obra do J.R.R Tolkien e que vai serpenteando pelo meio da floresta.

Por conta da chuva, pelo caminho, vimos vários pequenos cursos d’agua correndo da encosta. O que de certa forma, deixou o passeio muito interessante, apesar da chuvinha.

Depois de aproximadamente 1 hora e pouco de caminhada, passamos pelo The Orchard. Uma área aberta com algumas árvores de Ribbonwood (Plagianthus regius), a mais alta das árvores caducifólias da Nova Zelândia, que isoladas e repletas de musgos e liquens se assemelham com árvores de pomar abandonado. Apesar da neblina e garoa, desta parte da trilha temos uma vista bem legal para o Hollyford Valley. Creio que com tempo bom deva dar para ver o Lake Marian.

Seguindo adiante debaixo de uma garoa intermitente, chegamos a famosa e majestosa Earland Falls que com seus 174 metros de altura, faz dela uma das Top 10 cachoeiras mais altas da Nova Zelândia.

A partir de Earland Falls, a trilha continua descendo por cerca de mais 1 hora e meia por meio de uma floresta úmida, extremamente verde e exuberante, até chegarmos ao Pass Creek.

Neste local, ao atravessarmos a ponte, a trilha se transforma num boardwalk construído pelo DOC para preservar o frágil ambiente ripário do Howden Valley até chegarmos ao Howden Hut, às margens do Lake Howden.

Tanto a Greenstone como a Caples Track partem desta região. Enquanto o início da primeira fica a cerca de 20 minutos caminhando ao longo da Livingstone Fault, a segunda fica a cerca de 45 minutos mais adiante. Já uma terceira trilha, parte em direção ao norte margeando o Pass Creek seguindo em direção à a Lower Hollyford Road.

Aproveitamos a nossa parada em Lake Bowen para fazermos a nossa última refeição na trilha. Depois de devidamente alimentados, seguimos para os últimos 10% restantes da Routeburn Track em direção ao The Divide.

Depois de uma última subida de algumas dezenas de metros, a trilha ruma ao sul em direção ao vale criado pela Hollyford Fault que corre paralelamente ao oeste do Livingstone Range em direção ao nosso destino final.

Neste trajeto a trilha passa por algumas descidas íngremes, através de uma floresta de Ents, antes de finalmente emergir no The Divide.

A floresta úmida cheia samambaias, musgos e líquens subindo os troncos de praticamente todas as árvores, criando uma atmosfera misteriosa mas ao mesmo tempo super fotogênica. Exceto das Kōkutuku, as fúcsias arbóreas que por soltarem constantemente sua casca não permite que epífitas se fixem sobre ela

Pelo caminho, também cruzamos com um número abundante de cursos de água e vigorosas cachoeiras que mostram que há muita chuva nesse parte do Fiordland National Park e que a água é fundamental para a manutenção deste ecossistema. Apesar de relativamente desconfortável, visitar o Fiordland num dia chuvoso, deixa a floresta e as ainda mais incríveis.

Como o tempo não estava muito legal e pela primeira vez, meu joelho começou a doer de verdade, acabamos não fazendo a trilha opcional até o Key Summit. Famosa por suas vistas panorâmicas para Humboldt e Darran Mountains e o famoso Marian Lake. Acredita-se que durante a última era do gelo, que terminou há aproximadamente 14.000 anos. Uma enorme geleira existia no Hollyford Valley e cobria o Key Summit em aproximadamente 500 m, difícil de imaginar, mas lembrando do formato do vale em U lá do ponto que avistamos o Lake Mackenzie pela primeira vez, essa teoria faz todo sentido. A trilha até lá, leva de 1 à duas horas para ser feita, mas em dias de tempo ruim, creio que não valem o esforço, devido a visibilidade limitada.

E depois de 32.4 km de caminhada, centenas de fotos e uma forte dor no joelho esquerdo. A sensação de realização e dever cumprido, ao finalmente chegávamos ao destino final da Routeburn Track, o The Divide, foi algo indescritível.

Por alí tivemos que aguardar, junto com algumas sandflies até o ônibus que nos levaria de volta até Queenstown passasse para nos buscar. A viagem de volta até Queenstown pareceu levar uma eternidade, principalmente por conta da parada em Te Anau.

Depois de quase 4 horas de estrada, pedimos para descermos no aeroporto, onde pegamos nosso carro alugado e seguimos para nosso hotel. Depois de caminhar horas debaixo de chuva e sem tomar banho por 3 dias, tudo o que eu queria de verdade era chegar no hotel e tomar um bom banho para voltar a ser gente. Devo ter ficado quase 1 hora na banheira. Depois disso, ainda tivemos forças para sairmos para jantar uma boa pizza e encontrar o casal Suzany e Felipe do blog iPartiu.

Atravessar a Routeburn Track para mim foi mais do que um sonho de caminhar uma das 9 NZ Great Walks, foi um verdadeiro exercício de superação. Especialmemte nos dois últimos quilômetros quando o meu joelho incomodou de verdade. Apesar da dor, faria tudo de novo outra vez sem pensar duas vezes.

Routeburn Track Nova Zelândia por NerdsViajantes (17)

Bem, mesmo sem tomar banho e ficar com o joelho dolorido. Só depois que você explora lugares selvagens e intocados como esse é que você começa a entender porque o slogan oficial do departamento de turismo do país é 100% Pure New Zealand. Quanto mais eu conheço esse país, mais eu me apaixono por ele.

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Obrigado!!

Oscar Augusto Risch

4 Comentários

  1. avatar
    Posted by Alcir Magalhães| 23/06/2015 |Responder

    Realmente a Nova Zelândia é um país que todo mundo deveria conhecer. Tudo é muito bonito!!
    Estive em outubro de 2009 e espero voltar novamente um dia

    • avatar
      Posted by Oscar Augusto Risch| 23/06/2015 |Responder

      Alcir
      Olha, sinceramente falando acho que não existe país com uma variedade tão grande de paisagens numa área tão pequena como a Nova Zelândia.. Amo esse país!!

  2. avatar
    Posted by Mercado Viagens| 23/06/2015 |Responder

    Olá Oscar, ia postar exatamente isso: A NZ tem parques ecológicos com beleza natural de tirar o fôlego, animais exóticos e em extinção, um povo hospitaleiro e educado. É uma combinação da riqueza da Biológica com a civilização, tudo num país menor que Minas Gerais!
    Parabéns pelo blog, voltaremos sempre e recomendaremos a nossos clientes também.

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